tendência | Como se comporta o consumidor das farmácias brasileiras?

tendência | Como se comporta o consumidor das farmácias brasileiras?
A Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar) junto do Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Corporativa (IFEPEC) acabou de lançou a sexta edição da Pesquisa anual – Comportamento do consumidor em farmácias no Brasil 2023, em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 
Para o presidente da Febrafar, Edison Tamascia, a tomada de decisões é sempre complexa para os empreendedores, mas se torna muito menos arriscada quando é embasada em dados. “Esse fato mostra a importância desta pesquisa, que apresenta um retrato real do comportamento dos consumidores no varejo farmacêutico nacional.”
Ele complementa dizendo que dentro da missão da Febrafar está esse papel de orientação para mercado e varejo associativista e independente. “Ou seja, entender a modificação de mercado e deixar isso visível. Os dados são extremamente importantes, é por isso que fazemos pesquisas. Estamos focados no comportamento atual para que possamos tomar as melhores decisões para o futuro.”
Para a realização dessa pesquisa, quantitativa e qualitativa, foi adotada a metodologia de entrevista individual semiestruturada, que permite entender o motivo das escolhas, preferências e objeções dos consumidores das farmácias.
O questionário teve consistência lógica e possibilitou que as respostas fossem passíveis de comparação. As perguntas foram simples, de fácil entendimento e não foram utilizados enunciados complexos.
Para a aplicação das perguntas e registro das respostas, foram utilizados smartphones com aplicativo (app).

A pesquisa tem como  objetivo identificar:

Frequência do consumidor na farmácia;
Nível de fidelização do consumidor;
Índice de ruptura de compra;
Categoria do medicamento adquirido;
Percentual de consumidores que portavam receita médica;
Índice de troca de medicamentos e os motivos que levaram a essa troca;
Análise do canal digital.

A amostra tem quatro mil consumidores, sendo:

52% do sexo feminino; 
48% do sexo masculino.

As regiões foram:

Norte: 6%
Nordeste: 20%
Centro-Oeste: 8%
Sudeste: 49%
Sul: 17%

Divisão dos entrevistados por categoria de farmácia:

Grandes redes: 43,3%
Redes corporativas regionais: 12%
Febrafar: 13,7%
Demais agrupamentos: 7,5%
Independentes: 23,5%

Característica da cesta de compras

Foi possível observar uma queda no ticket médio. Em contrapartida, 42% dos entrevistados declararam que aumentaram a frequência de compras. Um dado importante é que grande parte das compras de medicamentos (mais de 68%) teve origem em prescrição médica, ainda que nem todos portassem a receita no momento da compra.
“O que a pesquisa traz claramente é que, primeiro é preciso desvincular alguns comportamentos que estavam ligados a um ato do consumidor, mas apenas como uma necessidade, como o home office, trabalho remoto, compras do e-commerce e tudo mais. Isso se tem um aumento e algumas práticas daquele momento se percebe isso. Mas, o maior ensinamento que pesquisa nos traz para esse momento é que claramente se tem um poder econômico que está mais difícil nesse momento. Por isso, se tem uma diminuição do ticket médio, não que a pessoa deixou de comprar medicamentos, mas ele passa a ter uma frequência maior por não ter um valor de desembolso tão grande nesse momento. Outro ponto é que o público pesquisa mais preço, dando mais valor a esse ponto. Claramente isso é um sinal de dificuldade da situação econômica e problema no poder aquisitivo da população”, enfatiza Tamascia.

Fidelização do consumidor
Cerca de 30% dos consumidores afirmaram que realizaram alguma forma de pesquisa de preços em outras farmácias antes de efetuar sua compra. Em 2022, esse percentual era de 15,3%. Programas de fidelidades já fazem parte dos hábitos de compra de 92,5% dos consumidores entrevistados. A pesquisa reforça a relevância desse tipo de ação junto aos clientes das farmácias.
“O consumidor busca segurança na hora de comprar. Por isso, ele quer estar muito dentro de programas de fidelidade. O volume de pessoas que estão dentro dos programas de fidelidade das farmácias é muito grande, então isso mostra uma tendência, com as pessoas escolhendo os estabelecimentos por ter um programa de fidelidade lá e por ter garantia de uma condição diferenciada e isso traz o consumidor para o estabelecimento.”

Comportamento do consumidor

Aproximadamente, 18% dos consumidores entrevistados afirmaram que deixaram de adquirir algum produto que desejavam comprar. A falta de dinheiro cresce como causa alegada pelos consumidores entrevistados que deixaram de comprar algum produto. Entre os produtos mais comprados estão:

O genérico mostrou mais uma vez sua força no varejo, o número de consumidores entrevistados que afirmaram ter comprado pelo menos um produto da categoria subiu para 71,6%.
Tamascia pontua que não se observa perfil de consumo, que se estabilizou, obviamente, porque em um momento de pandemia se tinha produtos associados ao Covid, que teve um grande volume e que hoje tem volume muito mais baixo, quase nenhum. “O que se tem, mas que não está na pesquisa, é uma evolução dos estabelecimentos. Vejo pela nossa própria experiência que eles ficam cada vez maiores, mais completos e com um mix mais adequado. Assim, se tem um aumento de venda de não medicamentos em nossos estabelecimentos, que é muito significativo, o que é fruto de uma melhoria e evolução que temos feito no mercado e em nossos pontos de venda (PDVs).

Impacto do canal digital

Cerca de 88% dos consumidores que afirmaram comprar medicamentos de “forma não presencial” responderam que utilizam o WhatsApp ou o telefone. A pesquisa mostrou um rápido crescimento no percentual de consumidores que costumam comprar pela internet, saltando de 11,2% em 2021 para 31,2% dos entrevistados em 2023.

Os dados são extremamente importantes, é por isso que fazemos pesquisas. Estamos focados no comportamento atual para que possamos  tomar as melhores  decisões para o futuro