Dia Nacional da Farmácia 2020

Dia Nacional da Farmácia
O que esperar da pós-pandemia?

Aproveite a data para reforçar ainda mais o papel de protagonista que sua loja tem na saúde da população

Qual será o futuro do varejo farmacêutico pós-pandemia? Com certeza você já deve ter feito esse questionamento. Prever o amanhã ainda não é viável, mas de acordo com a movimentação do mercado é possível ter uma ideia do que esperar para os próximos meses. 
Segundo Edison Tamascia, presidente da Febrafar, um ponto que será observado é um cuidado maior com a precaução. O presidente acredita que os antigripais, vitaminas e EPI terão uma procura elevada no pós-crise, mas salienta que com relação aos medicamentos não haverão mudanças impactantes no consumo, pois dependem de receita para a compra. 
“Até encontrar uma vacina, a cautela será grande, porém, posteriormente, o fluxo começará a voltar ao normal, basta acompanhar o que vem acontecendo no restante do mundo, nos locais onde a abertura está mais avançada. O segredo continuará sendo uma ótima gestão e boas ferramentas para isso. Como falei anteriormente, as pessoas ficarão mais preocupadas com a saúde, mas nada mudou muito, o novo normal não será tão diferente quanto imaginávamos”, adiciona.

Aprendizados com o novo coronavírus
Movimentação nos últimos meses

Edison explica que depois de uma evolução muito grande no início da pandemia, nos meses de abril e maio ocorreu uma redução no ritmo. Isso porque em março houve uma busca superior por medicações, em que o crescimento, em comparação a 2019, foi de 73,81%, tal fator que teve impacto em abril, movimento que já vem se normalizando. 
“Nesse período os produtos de destaques foram especialmente ligados à covid-19, como álcool em gel, máscaras de proteção e itens como antigripais e suplementos”.
Marcus Vinicius de Andrade, fundador do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), complementa mostrando que outro aspecto percebido foi o deslocamento do consumo, ou seja, o consumidor começou a priorizar as farmácias independentes dos bairros, as quais tiveram desenvolvimento nas vendas, resultado do isolamento e menor circulação de pessoas nos centros das cidades. 
Para o fundador do ICTQ, no meio de todo esse vai e vem de consumo/economia, o varejo farmacêutico (principalmente redes) está evoluindo cinco anos em cinco meses no atendimento ao cliente. Está acontecendo, nesse momento, uma maior conexão com o SUS, não somente na distribuição de medicamentos do Farmácia Popular, mas ainda na integração do sistema público de imunização dentro do canal farma. 
“A desburocratização na prescrição, que agora também é eletrônica, e na dispensação (prolongada para pacientes crônicos) apresenta-se como um salto gigante de agilidade e eficiência no atendimento. Outro ponto é a rapidez com que a Anvisa regulamentou a realização de testes rápidos nas farmácias que reforçou ainda mais uma nova atribuição: os serviços clínicos farmacêuticos”, ressalta Marcus.

Gestão da farmácia durante a pandemia
De acordo com o presidente da Febrafar, na gestão da farmácia não existe fórmula pronta, é preciso atentar-se, ter sistemas modernos e cobertura rápida em acompanhamento de falteiro.
“É válido contar com alternativas para um bom gerenciamento de estoque. Desse modo, o investimento primordial é em conhecimento e tecnologia. Com dados o empreendedor consegue saber seus números para tomada de decisões estratégicas” .

Revisão do mix é necessária?
Edison informa que essa questão sempre foi uma preocupação muito grande da Febrafar, porém o varejo farmacêutico possui uma característica única com relação à formação do mix de produtos e de preços.
“Quando se trata dos produtos, a composição não depende unicamente da vontade do empresário, pois o que determina a demanda – em torno de 65% – dos medicamentos são os investimentos que a indústria faz na propaganda médica, algo diferente do que ocorre em uma loja de material de construção, por exemplo. Dessa maneira, terão adequações que devem ser observadas nos próximos meses, não existindo uma fórmula pronta”, salienta.

O que fica como lição?
Segundo o fundador do ICTQ, uma das lições que fica é de que o canal farma necessita ser mais um local de saúde e menos loja de conveniência, claro que uma coisa não exclui a outra, mas o modelo de negócio voltado à prestação de serviços clínicos precisa ser prioridade. Para exemplificar, Marcus reitera o quanto a pandemia mostrou que a aplicação de vacinas e testes rápidos por farmacêuticos pode ser um chamariz de clientes e potenciais consumidores.
“O principal papel da farmácia, enquanto estabelecimento de saúde, será o de prevenção e educação em saúde e dois serviços-chaves estão sendo consolidados nesse período: vacinação e testagem (não somente da covid-19)”, conclui.